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Cresce mortes de Yanomami, quase 6% em um ano, governo alega subnotificação no passado
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Ministério da Saúde realizou a comparação de dados de 2022 com 2023. Governo declara que número pode ser ainda maior.
- Por Camilla Ribeiro
- 23/02/2024 22h17 - Atualizado há 10 meses
O governo federal vem realizando uma mega operação de combate à crise humanitária entre os Yanomami.
Porém, mesmo com esses esses cuidados o ano de 2023 terminou com o registro de 363 mortes de indígenas da etnia — número superior ao de 2022, quando 343 morreram. O crescimento é de quase 6% em um ano.
Esses dados foram colhidos do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde e divulgado nesta quinta-feira (22).
Portanto, o governo alega que houve subnotificação em anos anteriores, ou seja, no governo passado, e, por isso, os números podem ser ainda maiores.
Diante do cenário negativo, a secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel, explicou que o mapeamento do problema garante uma melhora no futuro.
"Temos a certeza de que temos subnotificação, mas, agora, sabemos que temos, sabemos onde temos, e temos o diagnóstico do que está acontecendo no território — o que é diferente nos anos anteriores. Agora podemos dizer onde estão os vazios existenciais e quais as necessidades", declarou.
A secretária declarou que problemas de pessoal podem ter favorecido a perspectiva de subnotificação.
"Estamos recompondo as equipes, havia uma questão de insegurança no início, então as equipes começaram a se deslocar mais no segundo semestre", explicou.
O Ministério da Saúde apontou também que o aumento no número de mortes está ligado à maior presença do Estado no território permitindo maior notificação das mortes.
Diante disso, a pasta descartou a tese comparativa, de que o cenário atual é mais grave do que no ano anterior.
Weibe Tapeba, secretário de Saúde Indígena, disse que a subnotificação de mortes dos yanomami é histórica por conta da cultura de luto do grupo, que tenta não manter lembranças daqueles que morreram, o que dificulta notificação tardia.
"Os dados referentes aos últimos anos não são confiáveis. Até os dados novos apresentam complexidade de interpretação. Estamos tratando de um povo que tem dificuldade de tratar o tema da morte, que tem um ritual fúnebre de incineração não só do ente querido, mas da maloca e dos entes pessoais para não ter a memória da pessoa", disse.
O Ministério da Saúde também anunciou a construção e reforma de 22 Unidades Básicas de Saúde ainda neste ano e o lançamento de licitação para a construção de um hospital indígena em Boa Vista, em Roraima, sem previsão de data.
Para ajudar no combate à crise na região, o governo declarou que terá um orçamento emergencial de R$ 1,2 bilhão.
Povo Yanomami
O Ministério da Saúde faz estimativa que a população Yanomami seja formada por 32.052 indígenas que estão espalhados em 376 comunidades com concentração em Roraima e norte do Amazonas.
Também de acordo com o governo, as notificações da malária entre esses indígenas cresceram em um ano, saindo de 11.530 em 2022 para 29.900 no ano seguinte.
O governo atual já reabriu 6 polos de assistência médica e social para atendimento aos indígenas, mas um ainda permanece fechado.
De acordo com a Secretaria de Saúde Indígena, parte do território ainda tem ampla atuação de garimpeiros, o que impede a atuação de equipes de saúde.